sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A bancada de pedra











A massa firme e hirta permanece
que a jangada de um sonho não passou
não se move nem se mexe, ao que parece
não se muda: ficará como ficou
em dia, que após dia, se amanhece

Abril trouxe o direito à Liberdade
à piada, ao escárnio e ao queixume
mas nem pra tudo queima o nosso lume.
Fazermos disto um país de verdade
mataria a tradição e o costume

Portugal, que tens as contas descompostas
dirás que filho teu não foge à luta
só para ouvires a mais triste das respostas
"os teus tem que lutar com a casa às costas
contra o tempo e contra a banca, aquela puta"

"Sobre várias outras cousas que inventaste
teus filhos impotentes se interrogam
em marquises de alumínio os instalaste
com vista de betão, urbano traste
verdes? Só recibos. Que se fodam!"

Eis que valores mais altos se alimentam:
a carga, metida nos contentores!
coisas simples para dar a seus amores
das suas sete quintas encomendam
os boys, os banqueiros, os gestores

A massa firme e hirta permanece
sabendo que a mudança dá trabalho
hoje é chato, amanhã não apetece
mandemos isto tudo pó caralho
que a vontade tarde ou nunca comparece

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